sexta-feira, 20 de abril de 2012

O governo não é Deus

Um dos problemas que devemos enfrentar para o estabelecimento da Resistência Evangélica contra o pecado institucionalizado, inclusive a perseguição religiosa, é o conceito de obediência ao governo. Herança de tempos e influências de maior ordem e estado de direito, essa interpretação excedente não está funcionando em uma situação de instabilidade, quando o Estado é contaminado por interesses partidários. Júlio Severo fez, no artigo a seguir, excelente elucidação da questão. Merece ser lido.

O governo não é Deus

Julio Severo
No Antigo Testamento, Deus frequentemente enviava profetas para dar recados aos reis. A maioria desses recados eram repreensões.
No Novo Testamento, temos repetidas orientações de sermos submissos aos governantes, que em Romanos 13 são considerados “ministros de Deus”. Um ministro é um servo, que trabalha em submissão a Deus.
Por falta de esclarecimento, alguns ensinam que até mesmo um governo perverso deve ter a submissão de todos, inclusive dos cristãos. Basta mencionar a autoridade do governo e o primeiro pensamento é: Submissão total.
Contudo, quando se menciona Deus e sua autoridade, a reação frequente é que não somos forçados a obedecer, pois temos o livre arbítrio.
No caso de Deus, impõe-se então um livre arbítrio que desobriga a obediência às leis perfeitas de Deus.
Mas no caso do governo, a insinuação ou ensino direto é que não existe livre arbítrio: Todos são obrigados a obedecer às leis imperfeitas do governo.
Temos então um entendimento e interpretação imperfeitos dos papéis de Deus e do governo. Em Romanos 13, Deus não diz que Deus é servo do governo. É o contrário.
Se há livre arbítrio no caso do governo perfeito de Deus, então muito mais no caso do governo imperfeito do homem.
Mas sob Deus, somos chamados a ser submissos a governos que são ministros ou servos de Deus.
O governo nazista não fazia a vontade de Deus, de modo que era obrigação os cristãos serem obedientes a Deus, não ao governo. Mas, a maioria cristã não conseguia reagir às atrocidades do governo, porque os pastores ensinavam a obediência total do cristão ao governo, numa falta de entendimento real de Romanos 13, deixando implícito que, por mais perverso que o governo fosse, ninguém tinha livre arbítrio.
As consequências, para a Alemanha e a população cristã, foram imensas, por não colocarem as leis perfeitas de Deus acima das leis imperfeitas dos homens.
Hoje, com os exemplos trágicos da submissão cristã à tirania anti-Deus, podemos aplicar devidamente Romanos 13 no seu contexto real:
Devemos ser submissos ao governo e suas leis que não violam as leis de Deus.
Aos governos que esquecem ou rejeitam seu papel de ministro de Deus, preferindo a institucionalização da iniquidade, temos de permanecer fieis às leis perfeitas de Deus e estar abertos ao mover do Espírito Santo, pois Deus sempre repreende a quem ama. Ele repreende cada um de seus servos e ministros, inclusive os governantes.
O ministério da repreensão, sob Deus, envolve homens sendo usados por Deus para entregar repreensões aos governantes com relação à sua conduta pessoal e governamental. Envolve deixar um testemunho claro para o governo, de que os pecados promovidos pelo governante e seu governo ofendem a Deus.
A entrega da mensagem não significa que haverá mudança no governante ou que o entregador não sofrerá consequências. Significa apenas que o entregador deve ser fiel no testemunho que Deus lhe deu para entregar ao governante.
Elias foi um profeta grandemente abençoado por Deus. Ele foi tão fiel que não viu a morte, sendo tomado por Deus.
Mas seu ministério poderosamente ungido não mudou o governo nem o governante. Poderia ter mudado, pois as orientações de Deus através de Elias foram perfeitas. O testemunho de Elias era perfeito.
Elias dava testemunho a um governo centrado no culto a Baal, que envolvia sacrifício de bebês e sacerdotes homossexuais, com prostituição homossexual. É um quadro não muito diferente de hoje, onde o homossexualismo e o sacrifício de bebês por meio do aborto são tratados de modo sagrado. Temos então modernamente um culto a Baal com outro nome.
Diante de um governo que recusa ser submisso às leis de Deus e promove ativamente a iniquidade, o testemunho cristão ao governo condenando seus pecados deve ser fiel. Os resultados dependem da resposta do governo e da sociedade. Ao entregador, cabe apenas fidelidade no seu testemunho ao governante e ao governo.
Se fizermos nossa parte, Deus pode trazer um avivamento.
No século 18, Deus trouxe um poderoso avivamento aos EUA, através do ministério de Jonathan Edwards e outros. Em seguida, os americanos se revoltaram contra o governo da Inglaterra, que dominava sobre eles não como servo de Deus, mas como governo tirânico. A revolta foi ocasionada por impostos injustos.
O resultado foi bênção e o nascimento de uma nação poderosa.
No Brasil, aprendemos a conviver com impostos injustos e vorazes, que merecem nosso protesto e repúdio. Mas, em vez de protesto e repúdio, muitos cristãos e pastores preferem dar um “jeitinho” para evitar a voracidade do Leão ladrão do imposto de renda. A conduta correta seria seguir os americanos que se revoltaram contra a tirania de impostos da Inglaterra. Ou imitar Tiradentes, que protestou contra uma cobrança absurda de 20% de impostos. Hoje, a cobrança absurda é de 40%!
Um governo que cobra desse jeito é tirânico e escravizador. E nós, como cristãos e cidadãos, fomos chamados à liberdade com ordem, não à tirania.
Temos, pois, chamado de Deus, para ser submissos a governos-servos e ser submissos somente a Deus diante de governos tirânicos.
Fonte: www.evangelizabrasil.com - www.juliosevero.com

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