Não vos Conformeis - Carta da VINACC à igreja brasileira
A VINACC – Visão Nacional Para a
Consciência Cristã – promotora do Encontro Para a Consciência Cristã há
15 anos em Campina Grande-PB, lançou, nesta sexta-feira (15/03), uma
carta endereçada aos evangélicos brasileiros, exortando-os a não se
conformarem com este século, conforme mensagem do apóstolo Paulo aos
Romanos, capítulo 12, versículo 2.
A Carta é resultado de obervações feitas durante as sete ministrações
noturnas do XV Encontro Para a Consciência Cristã, realizado de 6 a 12
de fevereiro de 2013, pelos pastores: Hernandes Dias Lopes, Geremias do
Couto, Renato Garcia Vargens, Aurivan Marinho, Mauro Meister, José
Bernardo e Ricardo Bitun. Eis a carta na íntegra.
Não vos conformeis
Carta da 15ª Consciência Cristã
A Igreja Brasileira, solidamente
representada no XV Encontro para a Consciência Cristã, realizado em
Campina Grande de 6 a 12 de fevereiro de 2013, incumbiu-se de avaliar a
situação do movimento evangélico em nossa nação, à luz da convocação que
o apóstolo Paulo fez aos crentes em Roma, para a prática da teologia
que ensinou nos onze primeiros capítulos da carta que lhes escreveu: “Portanto,
irmãos, rogo pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício
vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não
se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da
sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus.”
Vivemos tempos de grande inquietude
para aqueles que decidiram conhecer, praticar e ensinar as Escrituras
como a Palavra de Deus. Por todo lado se ouve de heresias, mundanismo,
desvio e promiscuidade com toda sorte de ideias de homens: por fraqueza e
ignorância, por conveniência e prazer, por ganância e apostasia. Os
lobos passeiam livremente pelo meio do rebanho e dilaceram as ovelhas e o
dano que fazem nos horroriza; não podemos observá-lo passivamente.
Exortamos e animamos a igreja a tomar-se de um inconformismo santo que a
impulsione à mudança. Nós chamamos a Noiva a encher-se de um
descontentamento que a leve à transformação no íntimo, cremos que
somente assim experimentaremos as coisas boas e desejáveis que Deus quer
para nós.
Não vos conformeis com a amargura
A felicidade exaustivamente propagandeada nos comerciais de televisão é
fugidia. De fato, vivemos em um mundo cada vez mais infeliz, amargurado,
cheio de angústias, desespero e perplexidade. A infelicidade serve
apenas aos mercadores de sonhos e envolve as pessoas em uma inútil e
ansiosa corrida. Nesse cenário a depressão é uma pandemia que afeta a
Igreja tanto quanto o mundo e enfraquece a motivação para a
transformação e para o serviço. Sabemos que a alegria do Senhor é a
nossa força, mas nossa alegria é roubada todos os dias: a) pelas
circunstâncias, quando não conhecemos a grandeza de Deus; b) pelas
pessoas, quando não exercemos o perdão; c) pelo dinheiro, quando amamos
as coisas materiais; d) pela preocupação quando nos falta fé. Deixemos
de lado essa tristeza mundana e abracemos a alegria no Senhor nosso
Deus.
Não vos conformeis com a soberba
A arrogância do ser humano chega a tal ponto que ele se achou dono da
verdade, cada um de sua própria e particular verdade. As pessoas
tornaram-se tão evidentes aos próprios olhos que não podem mais enxergar
o próximo e são incapazes de ver Deus. A Igreja tem sido afetada por
esse orgulho, por essa vaidade, e sofrido as mesmas consequências que em
Babel: Como Igreja, estamos separados, divididos, não nos entendemos e
não servimos a Deus, porque estamos cultuando mais a homens e aos
desejos da carne, porque estamos construindo para nossa própria glória,
achando que podemos atingir o céu por nossos próprios méritos. Deus, em
sua graça insuperável, poderia nos lembrar de que somos pó, mas temos
fugido disso: a) quando rejeitamos o sofrimento; b) quando desprezamos o
autocontrole; c) quando valorizamos nossos próprios desejos; d) quando
ignoramos os planos de Deus para nós. Venha Igreja! Gloriemo-nos em
nossas fraquezas, pois quando estamos fracos é que somos fortes.
Não vos conformeis com o pecado
Ló, separando-se de Abrão, escolhendo as campinas verdejantes, tão
aprazíveis que se pareciam com o Jardim do Senhor, ficando cada vez mais
perto de Sodoma e Gomorra e finalmente perdendo tudo, é um modelo do
que acontece com a Igreja e com os crentes hoje. A cobiça dos olhos tem
atraído, seduzido, gerado pecado e morte. A ganância pelas coisas
materiais, pelo sucesso a todo custo, a busca insana pela aceitação do
mundo e pela fama têm sido tão envolventes e ilusórias que os crentes se
aproximam do pecado achando que estão encontrando a bênção de Deus. O
pecado se torna aceitável e tão comum que às vezes parece obrigatório.
Nesses dias chamamos a Igreja para reagir, nós a conclamamos a: a) odiar
o pecado como Deus o odeia; b) fugir do pecado como Deus ordenou; c)
buscar a santidade como Deus é santo; d) denunciar o pecado falando o
que Deus diz sobre ele. Confiados de que temos recebido na graça os
recursos para uma vida em santidade, chamamos os crentes a serem amigos
de Deus, porque os amigos do mundo são inimigos de Deus.
Não vos conformeis com a igreja
Quando as igrejas estão se conformando com o mundo, não podemos nos
conformar com elas. A Igreja sempre lutou contra heresias: Os
judaizantes e os gnósticos no primeiro século, os ataques à humanidade
ou à divindade de Cristo, a mercantilização da salvação na Idade Média, a
negação da Verdade na modernidade, a contaminação da verdade na
pós-modernidade. A diferença é que hoje a crise que a Igreja enfrenta é
eclesial. As pessoas percebem que as igrejas têm se desviado do plano de
Deus e, com isso, as abandonam e menosprezam. O inconformismo que a
Palavra de Deus exige de nós nada tem a ver com essa atitude de
descompromisso. A Igreja é uma instituição divina e se expressa
institucionalmente. Somos chamados a enfrentar o mundanismo e o pecado
dentro dela, não pelo abandono, mas lutando para que seja a Igreja que
Cristo quer: a) igreja com a missão de Cristo; b) igreja com a confissão
de Cristo; c) igreja com a revelação de Cristo; d) igreja com a
autoridade de Cristo. Não nos conformemos! Há esperança para a Igreja do
século XXI, pois é Deus quem estabelece a revelação que a mantém.
Portanto, trabalhemos por uma igreja que cumpra o propósito dado pelo
Senhor segundo os recursos que Ele mesmo provê.
Não vos conformeis com o culto
O culto que oferecemos a Deus nesse mundo tem sido marcado pela
alienação e pelo simplismo. As pessoas nos conhecem mais por nossas
obrigações do que por nossas motivações, mais por nossos costumes do que
por nosso pensamento. Nossa adoração a Deus não tem produzido os
resultados que Deus espera de nós, em nossas vidas ou nas vidas daqueles
que nos observam. Mas Deus nos chama para um culto em que nos
ofereçamos continuamente em santidade ao Senhor, de modo que isso seja
primeiro agradável a Ele e, assim, se torne agradável a nós. Esse culto
que devemos oferecer a Deus deve ser: a) fundamentado em sólido
conhecimento das Escrituras; b) caracterizado pelo dar de nós mesmos; c)
distinguido pela renovação de nossa mente; d) resultante na
experimentação da vontade de Deus. Não nos conformemos com um culto que
não seja aceitável a Deus. Seja o nosso culto um sinal da presença de
Deus para todos os homens, um testemunho incontestável da graça
salvadora de Jesus. Ofereçamos a Ele um culto que o agrade
verdadeiramente e comecemos isso, como Paulo, pelo ensino da sã
doutrina.
Não vos conformeis com o silêncio
A Igreja foi chamada para comunicar o Evangelho e ensinada por Cristo a
fazê-lo na pregação, no ensino, no testemunho e na representação. Como
crentes em Cristo não podemos nos calar a qualquer pretexto ou em
qualquer situação. Devemos obedecer a Deus primeiro, não aos homens, e
responder a quem quer que questione a esperança que recebemos em Cristo.
Mas a Igreja tem se calado nas escolas e universidades, nos locais de
trabalho e nos lugares públicos, com os amigos e os vizinhos, às vezes
com a própria família. Os crentes têm emudecido por causa das leis, para
não perder os amigos ou clientes, para não perder o status ou o
emprego, temendo multas e prisão. A Igreja tem sido afrontada com
mentiras e calúnias, ameaçada e desprezada, e não tem sido capaz de
responder, porque teme coisa que acha pior. Nesse cenário somos chamados
a: a) não ter medo como as pessoas do mundo; b) não ficarmos alarmados
diante da perseguição; c) termos Cristo como único Senhor, único dono de
nossa vida; d) nos prepararmos para responder a qualquer pessoa que
questione a esperança que temos em Cristo. Rompamos o silêncio e
anunciemos o Evangelho, respondamos a qualquer pessoa e em qualquer
situação, a tempo e fora de tempo!
Não vos conformeis com a morte
Muitos líderes têm deixado uma lacuna de integridade, um vazio de
direção, uma ausência de paz no meio da Igreja. Nosso povo, muitas
vezes, está perplexo, confuso, inseguro e isso causa temor e angústia
acerca do futuro da Igreja. Essa era a situação de Israel no início do
livro de Isaías. O inimigo estava às portas, o pecado consumia o povo e o
rei morreu deixando um trono vago. Nessa situação o profeta teve uma
visão que a Igreja Brasileira também precisa ter: a) uma visão da
soberania de Deus; b) uma visão da santidade de Deus; c) uma visão da
miséria humana; d) uma visão dos meios para a salvação. Depois dessa
visão Isaías pode ser comissionado para o ministério que denuncia o
pecado e que anuncia a restauração. Diante dos problemas e dificuldades
que enfrentamos na Igreja nesses dias, não podemos nos conformar com a
mesmice, não podemos nos entregar à estagnação, não podemos nos
conformar com uma igreja morta. Deus reina soberano, Ele é santo, Ele
ama a nós pecadores e proveu meios para nos salvar, portanto,
apresentemo-nos para a missão que Ele anuncia. A revelação dessas coisas
deve ser continuamente enfatizada aos crentes, até que, inconformados,
clamem contra o pecado e celebrem a alegria da salvação.
Aos trinta dias do encerramento do 15°
Encontro para a Consciência Cristã, em 12 de março de 2013, nós
reafirmamos, juntos, que não nos conformamos com a estagnação da
presente era, antes buscamos mudança pela renovação de nossa mente.