Foto: Portas Abertas Brasil
HISTÓRIA DA PERSEGUIÇÃO AOS CRISTÃOS
Desde o triste dia em que Caim se levantou contra seu irmão e o matou, a perseguição tem se espalhado sobre a Terra. Do ponto de vista espiritual, os ataques são ainda anteriores aos eventos do Jardim do Éden, remontando ao tempo em que o orgulho de Satanás o fez desejar ser igual a Deus.
Nos dias de hoje, a batalha histórica entre o bem e o mal continua de maneira incessante e a injustiça se acumula, muitas vezes chocando qualquer observador da perseguição ao cristianismo.¹
DEZENOVE SÉCULOS DE PERSEGUIÇÃO
Para antever nosso futuro, primeiro é necessário compreender nosso passado. A perseguição, como temos visto, nunca se afastou da igreja. Certamente, para os que viveram durante as primeiras ondas de perseguição que varreram a história eclesiástica, ser perseguido parecia fazer parte normal da vida cristã.
De fato, a perseguição tem acompanhado a história da igreja, mas ela vem e vai como o movimento das ondas do mar. Os períodos de “tolerância” foram conseguidos a duras penas, seguidos inevitavelmente por novos ataques, tanto por forças de fora da igreja ou, tragicamente, de dentro dela própria. Nós, no Ocidente, no início do terceiro milênio, temos desfrutado de um longo período de liberdade religiosa. A história, no entanto, nos ensina que não há garantia de que essa liberdade continue. Acompanhe a história por capítulos:
A ONDA ROMANA
Durante 300 anos, a igreja no Império Romano sofreu inúmeras ondas de perseguição e opressão, até o imperador Constantino decidir adotar o cristianismo como religião oficial no ano de 313 d.C.
Os primeiros dias de sofrimento foram esporádicos e localizados, mas, depois do incêndio de Roma no ano 64 d.C., o imperador Nero fez dos cristãos o bode expiatório para a tragédia, e a opressão se espalhou. Aqueles que professavam o cristianismo eram torturados e queimados. Era o começo da perseguição por todo o Império, que acabou por alcançar a igreja em todos os cantos. Como consequência, grande parte do Novo Testamento foi escrito na prisão.
No século 2, o autor anônimo da Carta a Diogneto² mostrava a perseguição como parte integral da experiência cristã. Ele escreveu, referindo-se aos cristãos, que eles “amam a todos, mas são perseguidos por todos. São desconhecidos e condenados, recebem a pena de morte e ganham a vida”.
A igreja primitiva teve um rápido crescimento e sofreu repetidos períodos de perseguição. “Se o rio Tigre chega às paredes, se o rio Nilo não cobre os campos, se o céu não se move ou se a terra o faz, se há fome, se há praga, o brado é rápido: ‘Os cristãos aos leões!’”, escreveu Tertuliano³ a respeito dos cristãos, pois eram apontados como culpados por tudo o que acontecia de errado no Império Romano.
Em 250 d.C., durante a mais violenta perseguição que a igreja já enfrentara, o imperador determinou que todos os cidadãos fizessem sacrifícios aos deuses romanos. Eram entregues certificados aos que obedeciam; os que não o faziam, eram presos ou executados.
Já em 303 d.C., o imperador romano Diocleciano ordenou a destruição de todas as igrejas, o confisco dos livros cristãos, a demissão de todos os cristãos do exército e do governo e a prisão do clero. Durante esse mesmo período, Eusébio relatou casos de muitas cidades cristãs que foram arrasadas na Ásia Menor. Essa é considerada a última e “Grande Perseguição”, talvez a mais sangrenta aos cristãos no Império Romano.
Não só a perseguição era considerada um elemento comum da vida cristã, como também aqueles que davam suas vidas por amor a Cristo eram tidos em alta estima. Finalmente, a liberdade foi obtida pelo derramamento do sangue dos mártires. Constantino reverteu o quadro, colocando a igreja no centro do Império.
Uma paz incerta reinou no período que se seguiu. Durante quase 200 anos, a ordem do dia era constituída de certa tolerância, pelo menos dentro das fronteiras da “civilização”. Os fiéis missionários que se atreveram a levar o evangelho às tribos bárbaras fora do mundo “civilizado” – isto é, fora do Império Romano –, os principais povos germânicos, como os hunos, vândalos, visigodos, ostrogodos, francos, lombardos e anglo-saxões, continuaram a enfrentar perseguições.
OS BÁRBAROS E O ISLAMISMO
O historiador norte-americano Kenneth Latourette (1884-1968) chamou o período entre 500 d.C. e 1500 d.C. de “os mil anos de incerteza”. Durante esses dez séculos, o cristianismo enfrentou dois inimigos poderosos e ameaçadores que trariam dor e sofrimento a muitos. A luta era contra os bárbaros e o islamismo.
O primeiro inimigo, os bárbaros, seria finalmente superado com dor e sofrimento, alcançando-se o triunfo do evangelho.
Já a perseguição islâmica foi diferente. Em poucos anos, a igreja seria destruída no Norte da África e subjugada no Oriente Médio, vendo sua própria existência ser ameaçada.
Durante o período chamado pelos historiadores de Idade das Trevas, tribos bárbaras varreram o continente eurasiano em direção ao oeste, vindas dos campos e desertos da Ásia Central, região conhecida como o “berço” das nações. Os bárbaros enterraram todos os vestígios do Império Romano e expulsaram os moradores nativos para as montanhas. A parte estimulante e inspiradora dessa história é que a igreja despertou para o desafio e enviou missionários, como Columba de Iona (521-597, monge irlandês que reintroduziu o cristianismo entre os pictos, na Escócia) e Bonifácio (672-754 ou 755, conhecido como Apóstolo dos Germanos), para ganharem os bárbaros para Cristo.
Foi um trabalho difícil e demorado, e a perseguição nunca esteve ausente. “Cada rebelião do povo era acompanhada pelo ressurgimento do paganismo, e a longa história de martírio e de massacres lança um brilho fúnebre ao processo pelo qual os saxões foram finalmente convertidos”, comenta o historiador Stephen Neil (1900-1984).
Enquanto o sofrimento e a morte eram parte do “preço” para se alcançar os pagãos com o evangelho, a perseguição era o preço da própria sobrevivência da igreja sob o domínio islâmico. Nos cem anos que se seguiram à morte de Maomé, seus seguidores levaram suas crenças até o coração da cristandade, alcançando Jerusalém (638 d.C.), Cesareia (640 d.C.) e Cartago (697 d.C.). Por volta de 715 d.C., a maior parte da Espanha havia caído perante os muçulmanos, que só conheceriam a derrota no ano de 732 d.C., quando foram batidos por Carlos Martel em Tours, na França.
Para as igrejas que sobreviveram, as consequências das conquistas muçulmanas foram treze séculos de escravidão, a redução dos cristãos à condição de cidadãos de segunda categoria, a humilhação e a perseguição institucionalizada. Ser cristão e viver sob domínio islâmico naquela época significava ter de pagar uma taxa per capita e ver os filhos serem levados pelo imperador árabe.
A IGREJA INSTITUCIONALIZADA
O cristianismo havia acabado de alcançar os limites da Europa, no final do primeiro milênio, quando algo novo começou a agitar aquilo em que se havia transformado a igreja institucionalizada, com sede em Roma. Em vários lugares, pessoas insatisfeitas com a religião oficialmente estabelecida começaram a buscar uma nova espiritualidade.
Esses movimentos acabariam levando à Reforma e a uma nova onda de perseguição que, nascida dentro da própria igreja, duraria quase 500 anos. Era o começo de uma luta que tornaria a perseguição parte da experiência cristã, como nos primeiros 300 anos de existência da igreja.
A reação do papado em relação a todos os novos movimentos foi rigorosa e inevitável. No século 12, os valdenses4 foram perseguidos e excomungados. Em 1415, o reformador religioso John Huss (1369-1415) foi morto na fogueira. Em 1498, Giralamo Savonarola (1452-1498) foi martirizado, um padre dominicano que pedia reformas na igreja católica. No início do século 16, a reforma de Lutero começou um movimento de renovação espiritual que tornaria novamente a perseguição e o martírio uma parte comum do preço do compromisso espiritual.
Quarenta anos após Lutero ter fixado suas 95 teses na porta da igreja de Wittenberg, John Foxe publicou O livro dos mártires, uma das publicações mais influentes a aparecer na Inglaterra ao longo de um período de 200 anos. Na era elizabetana (período entre 1558 a 1603), toda casa tinha a Versão Autorizada da Bíblia e um exemplar da obra de Foxe.
Foxe documentou a vida dos que haviam sido perseguidos e morrido por sua crença ao longo dos anos, como precursores da Reforma Protestante: Wycliffe e Huss, Jerônimo de Praga, Tyndale e John Hooper, Ridley, Latimer e Cranmer. A popularidade do livro é uma prova de que a perseguição era parte do preço que muitos cristãos esperavam pagar por sua fé naqueles tempos tumultuados.
A história ainda apresenta a nós vários outros exemplos de intolerância à religião cristã. Na Europa continental, os anabatistas – que desenvolveram ideias tidas radicais tanto de ordem religiosa quanto social – tiveram seus próprios mártires e sofreram 25 anos de amarga perseguição. Na Inglaterra, os cristãos puritanos5 tiveram de deixar o país no século 17 em busca de liberdade religiosa nas colônias norte-americanas. Na França, dez mil protestantes franceses foram massacrados na noite de São Bartolomeu e, mesmo após o Edito de Nantes – decreto promulgado em 1598 pelo rei Henrique 4 que concedia liberdade religiosa aos protestantes –, os huguenotes6 continuariam a ser perseguidos. Jean Crespin (1520-1572), um advogado, registrou a realidade enfrentada pelos protestantes franceses em seu livro The Martyrologe, um testemunho do sofrimento dos huguenotes e dos valdenses, assim como da condenação de centenas de cristãos às galés, navios movidos a remos.
UMA NOVA TOLERÂNCIA
Durante cerca de 300 anos, os cristãos reformados (e, em certo grau, os católicos em países protestantes) sofreram violenta perseguição. Uma nova tolerância finalmente se instalou na Inglaterra e na Holanda no final do século 18, enquanto no restante da Europa isso aconteceu no final do século 17. Cansada das sangrentas guerras religiosas e inspirada pelo pensamento “iluminista”, de que a religião deveria ser separada da vida cotidiana, a perseguição aberta acabou no Oeste da Europa e na América do Norte (apesar de continuar havendo uma certa discriminação contra os protestantes nos países católicos).
No final do século 19, impérios “cristãos” europeus encontravam-se espalhados pelo mundo. Sob o manto protetor dos poderes coloniais, aquele havia sido o século da grande missão, e igrejas haviam sido plantadas nas nações recém-colonizadas. A igreja acreditava que podia alcançar o mundo antes do início do século 20. A perseguição era esporádica, e os que sofriam eram os nativos convertidos. Até Samuel Zwemer (1867-1952), um importante missionário norte-americano que atuava no mundo muçulmano, acreditava que era apenas uma questão de tempo para que os muçulmanos fossem alcançados para Cristo. De alguma forma, a igreja ocidental esqueceu que a perseguição existia.
O SÉCULO 20: COMUNISMO E NACIONALISMO
Cem anos de relativa paz acabaram de repente para a igreja nos primórdios do século 20. Apesar da alegação de alguns, não há certeza de que esse tenha sido o século em que os cristãos mais sofreram perseguições, mas dois fatores foram responsáveis pela grande onda de perseguição que ocorreu nele.
O primeiro foi o nascimento de uma nova doutrina ateísta – o comunismo – parecida com o cristianismo e o islamismo em sua visão de alcançar o mundo. Desde a Revolução Bolchevista de São Petersburgo, em 1917, a igreja foi a primeira a ser perseguida onde quer que o comunismo fincasse o pé. A rapidez de suas conquistas e o grau de opressão da igreja tornou sua violência comparável à atuação dos exércitos árabes do século 7.
Durante os 70 anos em que viveram sob a influência de Moscou – e ainda hoje em países “comunistas” como a China, a Coreia do Norte, o Vietnã e Cuba –, os cristãos têm sofrido discriminação, tortura, violência, prisão e assassinato por causa de sua fé.
O segundo fator foi o novo “nacionalismo” e o fim dos impérios coloniais a partir do término da Segunda Guerra Mundial. Quando as nações se libertaram da opressão colonial, colocaram uma nova ênfase em sua cultura e religião originais. As nações recém-libertas primeiro se voltaram para o marxismo como modelo econômico, o que provou ser um terrível erro. O imenso fracasso do socialismo em dar-lhes o crescimento econômico e a independência pela qual ansiavam e de que precisavam foi, por sua vez, campo propício para o surgimento do extremismo religioso. O cristianismo era visto como uma importação do Ocidente, e as igrejas implantadas pelos missionários eram consideradas herança indesejável do colonialismo. Acompanhe a história nos capítulos seguintes:
O ESTRANHO SILÊNCIO DA IGREJA OCIDENTAL
A tragédia do século 20 é que, enquanto a igreja fora dos Estados Unidos e da Europa Ocidental começa a experimentar essa nova contenda, que resulta em violência e derramamento de sangue, os cristãos ocidentais permanecem estranhamente silenciosos. A perseguição da igreja foi, quando muito, reconhecida superficialmente, e pouco foi feito para levantar a voz pelos que estavam na prisão e sofrendo em razão de sua fé.
Em 1975, dois cristãos ortodoxos soviéticos, Gleb Yakunin e Lev Regelson, escreveram para o Conselho Mundial de Igrejas (CMI), que organizava sua 5ª Assembleia em Nairóbi, lamentando que “o assunto da perseguição religiosa deixava de ocupar o lugar que merecia”. O CMI, incoerentemente, se recusava a discutir a perseguição da igreja nos países comunistas, enquanto levantava a voz para falar sobre os direitos humanos em outras partes do mundo. Muitos cristãos no mundo comunista também se sentiram traídos quando outros evangélicos se recusaram a defender sua causa quando visitavam seus países.
Houve poucas vozes que defenderam a Igreja Perseguida, como o Irmão André, Richard Wurmbrand, Michael Bordeaux e outros. No entanto, eles foram vozes no deserto.
No entanto, por que o silêncio? O que poderia explicar a desatenção e a despreocupação da igreja ocidental?
Em primeiro lugar, havia uma simpatia intelectual pelo socialismo entre muitos clérigos, o que facilitou erros de informação e permitiu que agentes influentes corressem soltos dentro das denominações. O mesmo é válido para o islamismo. Jacques Ellul (1912-1994), teólogo e um dos líderes da resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial, mostrou como muitos intelectuais franceses tiveram a tendência de considerar os muçulmanos como um “povo oprimido”, colocando a cultura islâmica e a tolerância em um pedestal, encarando com descrédito as alegações de crueldade contra mulheres e não seguidores da religião muçulmana.
Em segundo lugar, a perseguição contrariava os princípios dos que acreditavam em um evangelho triunfante, que prometia cura e saúde como parte do pacote da mensagem evangelística aqui na Terra. O chamado “evangelho da prosperidade” não podia soar verdadeiro se alguém falasse sobre cristãos na prisão ou sobre pessoas que sofriam com a pobreza e a discriminação por colocarem Jesus em primeiro lugar em suas vidas.
Em terceiro lugar, havia uma reação contra a Guerra Fria e uma suspeita de que os missionários ocidentais eram manipulados pela CIA – a agência de inteligência civil dos Estados Unidos. Da mesma forma, também havia resistência por parte da igreja livre em acreditar que membros da KGB – a principal organização de serviços secretos da ex-União Soviética – se infiltrassem na Igreja Perseguida. Excesso de simplicidade e, talvez, exagero de algumas missões e de cristãos “não registrados” (membros da igreja não oficial, sem apoio do governo) somente alimentaram o clima de desconfiança.
Finalmente, a desinformação e a bem-sucedida divisão das igrejas dos países comunistas em “registradas” e “não registradas” garantiram um fluxo constante de visitantes ocidentais para contemplar a “liberdade” das igrejas na ex-União Soviética. A tática de “dividir para controlar” foi aplicada com sucesso à igreja ocidental pelos governos comunistas. Missões e organizações ocidentais que quisessem ter um ministério “oficial” nos países comunistas eram obrigadas a recitar a propaganda oficial.
É estranho que a “redescoberta” da Igreja Perseguida tanto pelas principais denominações evangélicas como pelas igrejas tradicionais aconteceu quase em seguida à abertura das fronteiras do Leste Europeu depois da queda do Muro de Berlim. Ondas de visitantes ocidentais na Romênia e na Rússia, em 1989 e 1990, ouviram, pela primeira vez, a realidade da perseguição da boca dos cristãos que estavam visitando. Eles tiveram sua própria perestroika (palavra russa para reestruturação) ao reorganizar suas concepções e admitir a realidade do que vinha acontecendo lá durante anos.
É uma triste acusação o fato de que boa parte da cristandade ocidental tenha precisado ver a queda do comunismo para finalmente reconhecer a realidade da perseguição na esfera dos países dominados por essa ideologia. Isso significou um atraso de 70 anos no serviço à Igreja Perseguida.
A DÉCADA DE 1990
Muitos analistas acreditam que durante a década de 1990 houve uma mudança de postura. A Associação Evangélica Mundial passou a considerar o problema da perseguição religiosa como uma prioridade, e a entrega do Prêmio da Liberdade Religiosa dessa organização ao Irmão André em 1997 é um testemunho disso.
Organizações, como o serviço de informações da Portas Abertas, têm contribuído para despertar a consciência geral para a realidade da Igreja Perseguida ao redor do mundo. As missões têm dado ênfase especial em alcançar países da chamada janela 10/40 – região que se estende desde o oeste da África até o leste da Ásia, entre os paralelos 10 e 40, ao norte do Equador. Pelo fato de a igreja nessa região ser a mais perseguida do mundo, a condição dos cristãos oprimidos tem sido bastante divulgada.
O PERIGO É IMINENTE
Durante quase 200 anos, o cristianismo ocidental levou uma vida protegida, livre de perseguição. Em lugares onde tem havido opressão – no Bloco Oriental e em países subdesenvolvidos economicamente –, os ocidentais têm sido pouco mais que espectadores interessados. Seria ingênuo, no entanto, esperar que as coisas continuem assim enquanto o Ocidente entra em uma nova era, na qual a cultura que garante a liberdade tem sido continuamente atingida.
As nações ocidentais estão tentando lidar com a multirreligiosidade e o multiculturalismo. Como resultado, o conceito de “tolerância” tem sido valorizado, mas seu significado vem sendo sutilmente alterado. Tolerância, agora, exige negar que qualquer um tenha fé absoluta.
O medo da expansão de seitas extremistas, especialmente na Europa continental, tem provocado uma reação contra todas as religiões minoritárias, que são vistas como seitas. Comissões parlamentares na Bélgica e na França rotularam as igrejas evangélicas de seitas em meados da década de 1990. É interessante notar que, enquanto a Corte Europeia de Direitos Humanos sustenta o direito do indivíduo de manter ou mudar de credo, o direito de “exercer proselitismo” é deixado aberto à interpretação dos diferentes países.
O desafio para a igreja ocidental, no século 21, será não apenas continuar acordada para fortalecer a igreja ao redor do mundo – enquanto esta enfrenta novas ondas de perseguição –, mas também ficar atenta ao que está acontecendo em seu próprio quintal. Isso será uma tarefa de valor inestimável.
Os cristãos ocidentais não podem mais esperar desfrutar impunemente os privilégios da liberdade como no passado. Nos anos vindouros, a liberdade religiosa será, sem dúvida, um desafio.
A VIAGEM AO NOVO MILÊNIO
No fim do século passado, o comunismo russo entrou em colapso e o Muro de Berlim caiu. Muitos dos antigos desafios da Igreja Perseguida foram conquistados e muitos de seus objetivos impossíveis, alcançados. Mas agora, de longe, o nosso maior desafio está à frente de nós: o islamismo.
Hoje em dia, o islamismo é a religião que cresce mais rapidamente do que qualquer outra em diferentes partes do mundo, inclusive nos Estados Unidos.7
Hoje em dia, o islamismo é a religião que cresce mais rapidamente do que qualquer outra em diferentes partes do mundo, inclusive nos Estados Unidos.7
Segundo o Irmão André, há uma explicação para isso, pois há muito o que admirar no islã: parte de seu sucesso é o apoio oferecido à comunidade, que afirma ser a resposta para os problemas econômicos e sociais; o islã promove uma vida saudável, com comunidades livres de drogas e álcool e centradas na oração, o que segura pais e chefes de família em casa. Irmão André alerta que dos milhões de muçulmanos em todo o mundo, a grande maioria não é de terroristas, mas é pacífica, com homens e mulheres focando em famílias trabalhadoras.
A dificuldade em relação ao islamismo, segundo o Irmão André, está no segmento extremista do islã, com a demanda de seus líderes por obediência total. Nesse ponto, o islamismo tem muito em comum com o comunismo. Nas repúblicas da Ásia Central – que faziam parte da antiga União Soviética –, Turcomenistão, Uzbequistão, Cazaquistão, Tadjiquistão, Quirguistão, formas fundamentalistas do islã estão lutando pelo controle sobre a sociedade. No Afeganistão, elas já dominam. O efeito sobre a vida das pessoas dessas ditaduras teológicas que reivindicam o corpo, a alma e o espírito do indivíduo é o mesmo que no comunismo. Por isso, à medida que os fundamentalistas ganham poder, imediatamente começam a atacar os cristãos. O totalitarismo é mais completo se combinado à religião.
Fonte: Portas Abertas Brasil